03 abril, 2014

Mesmo preso na cama,
Inventando e melhorando
o dia que foi

É de mim ir se você chamar,
Fico inquieto
Deixar o meu incompleto pra tentar ajudar
Tão natural me preocupar com você,
Mas será que sou só eu?
Me sinto idiota em frente à sua porta,
sei que o nó vai apertar quando eu for.
Ficarei contando as horas
Provavelmente
Não vou dormir
Se me abandono tão fácil assim
Alguém vai me ver?

Ainda estão acesas as luzes da varanda
Boa noite, tudo bem

XXXX

Me perturba quando você vem,
Sem ação, assombrado por gritos que são meus
Massacre de uma via só
Me destruo de dentro
Meu equilíbrio é tão pouco confiável
E desequilibrado eu me entrego
Confesso que não sei porque
Mas me foco melhor
Se da veia escorre essa dor já tão familiar
Me vejo mais claro
Entendo melhor
Só não sei por quanto tempo posso suportar e
ainda sustentar
Esse vício de entender
Não quero parecer nem mais nem menos
Apenas verdadeiro comigo mesmo

XXXX

A varanda hoje, bem menor
Os caibros já tão verdes
Emolduram um céu cinzento

E o sino badala, tão assustador
quanto a obrigação de viver
atropelando, de hora em hora,
qualquer devaneio que venha a entreter

E a chuva molha mais que alma, acalma,
torna tudo um pouco menos racional,
Deixa o sino bater, pois,
sob o arco da varanda,
aas folhas do jardim
a solidão não é aquela do tipo ruim.