26 dezembro, 2014

hardcore

a forma tanto faz
desde que a lança em sua mão encaixe
a desferir golpes mortais
que dos furos exalem cores próprias
resolvendo-se ao cair no chão
mate então o próximo tubarão
azul, ver, vermelho, tufão
em mãos só as linhas
meus riscos, seus riscos
só se completam quando os dedos se entrelaçam
poesia sozinha é fraca se nela não se apegam
amigos, cordas, batidas, distorções pra mesclar
descobrindo-se amigos, fazendo nas vidas de um
a importância do outro

19 dezembro, 2014

menino arrumado

E hoje eu percebi que o desprezo que eu sinto pelas construções sobrepostas que compõem meu mundo é um desprezo pelo acúmulo desnecessário. Pra que mais ideias e teorias em um ambiente tão saturado?
E ai me dizem que estão tentando entender o mundo. Entender o mundo de quem, pra quem? Parece uma tentativa de validar a continuação do modelo. Uma bela validação, mas uma validação que mata, uma validação que ignora boa parte do que compõe o planeta. Esse lugar precisa da minha ajuda? Não.
Mas eu não pertenço a outro lugar, sou dai. Quem sou eu pra querer modificar algo fora disso?
Se não faço parte, não entendo de verdade, se não entendo de verdade não tenho nenhuma grande solução.
E ai?
Vou maltratando as pessoas, criticando e criticando e criticando. É uma cobrança sincera, se não fizermos algo no mínimo próximo do melhor possível, por que fazer? E nessa caminho vão ficando pedaços meus também.
Se são ruins os tiros à queima roupa uma vez por dia, imagina o que eu faço comigo mesmo ao longo dos meses.
Ao longo dos anos.
E ai que eu não sofro mais. Ficou pra trás. Do buraco no peito sai flor - sai mesmo, pode acreditar.
Meio torta, meio murcha, mas é flor de amor.
Ainda não sei como fazer, provavelmente nunca vou descobrir. Vou colocando em ordem o que caiu no chão,
vou desfazendo a mala, porque na última viagem a gente não leva nada.

12 dezembro, 2014

vidas e amores
pensamentos que foram passando
deixando gotículas por sobre as superfícies
penetrando
acariciando algo que dormia profundamente em mim
tempo e sinceridade
foram se mesclando
noção de um criou urgência do outro
monstro brutal que surgia de dentro pedindo pela luz real das coisas
dos poros abertos saem mais que pelos, e
depositam-se neles também partes suas que ficaram ali
esquecidos pelo acaso bem vivido de dias bons
as vezes escuto você falar quando digo algo
e então só queria agradecer
por ter sempre deixado as luzes acesas para mim