05 fevereiro, 2013



sabiamente, pensando, pensando
tendo o coração perfurado
pela dor concedida pela observação

não nos fazem mais tão durões
quanto tempo vamos aguentar?

querendo o que não existe
mais do que nossas mãos podem produzir

sonhando com arca
sem nunca ter experimentado
o orvalho ou a lã

talvez racional nunca queira dizer
aprendiz, observador ou experiente

quando é noite e a luz dos postes
mostra o orvalho
podemos ver a solidão descendo
aninhando-se

não há boa ideia que impeça o desespero momentâneo
de ver-se você
como não há, hoje, desejo menos tentador do que ser
o que se é

árvore velha torna-se oca
ecos dos outros
passam pelos genes seculares

maldita palavra que tornou tudo eterno
meu quintal não tem frutas, nem eu

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